sábado, 7 de maio de 2011

The Little Boy Found

The little boy lost in the lonely fen,
Led by the wand’ring light,
Began to cry, but God ever nigh,
Appeard like his father in white.

He kissed the child & by the hand led
And to his mother brought,
Who in sorrow pale, thro’ the lonely dale
Her little boy weeping sought.

William Blake (from Songs of Innocence, 1791)

The Land of Dreams

Awake, awake, my little boy!
Thou wast thy mother's only joy;
Why dost thou weep in thy gentle sleep?
Awake! thy father does thee keep.

"O, what land is the Land of Dreams?
What are its mountains, and what are its streams?
O father! I saw my mother there,
Among the lilies by waters fair.

"Among the lambs, cloth'd in white,
She walk'd with her Thomas in sweet delight.
I wept for joy, like a dove I mourn;
O! when shall I again return?"

Dear child, I also by pleasant streams
Have wander'd all night in the Land of Dreams;
But tho' calm and warm the waters wide,
I could not get to the other side.

"Father, O father! what do we here
In this land of unbelief and fear?
The Land of Dreams is better far
Above the light of the morning star."


William Blake

Pequeno Conto

Exultavas, enquanto te aprontavas para a longa jornada, que te reconduziria à nova experiência reencarnatória! Tecias planos de ventura, conjugavas recursos e definias metas...

Assessorei-te na arrumação da sagrada bagagem, que se constituía de sublimes esperanças e severos esforços!

Suplicastes ao Pai Misericordioso, na concessão dos dons psíquicos, o ensejo de resgatar erros clamorosos, dos quais já desejavas te liberar e, por intermédio da experiência nova, reedificarias os teus sonhos, enquanto quitarias compromissos gravíssimos ante as Leis Eternas.

A potencialidade medianímica tornar-se-ia instrumental positivo e bem precioso, em benefício do trabalho ao qual te propunhas, salvaguardando-te o êxito e a probabilidade de redenção... As refregas depuradoras facultar-te-iam reencontrar no futuro os amados de tua alma, dos quais, desde há muito, havias-te distanciado.

Acompanhei-te os preliminares ensaios de retorno...

Alberguei em meus devotados abraços a criancinha frágil, na qual, gradualmente, tornavas-te lançando teu coração ávido à existência física...

Conduzi-te ao ninho doméstico que te abrigou, amorosamente, oferecendo-te todos os recursos para a realização de teus anelos...

Verti lágrimas de júbilo, em noites inumeráveis, orando ao pé de teu pequenino leito, augurando para o teu futuro o sucesso necessário...

Persegui os teus passos de criança!
Acompanhei o teu desenvolvimento na juventude!

Chegamos junto à mocidade, quando se desabrocharam as aptidões que trazias latente, o precioso penhor do Altíssimo que te garantiria, na tarefa mediúnica com Jesus, a realização de tuas mais sagradas expectativas...

Temi, desassossegada, porquanto tardavas na busca pelos sagrados rumos do aprendizado. Nada obstante, aguardei-te!

Padeci, mais tarde, ao perceber-te desviando da rota adrede estabelecida, por ti mesmo, entregando o recurso divino aos ébrios e viciosos; aos apaixonados e criminosos, que te seguiam vis e ignotos.

Locupletavas-te com eles e, mais e mais, abandonavas-me...

Clamei por teu despertamento, inumeráveis vezes, entretanto não me emprestastes os ouvidos...

Volvi ao Criador reiteradas súplicas a teu favor e em resposta obtive a certeza de que tu chorarias, amargamente,o arrependimento quando desperto dos erros e enganos, ante a falência nos ideais superiores.

Parti e deixei-te entregue à própria sorte, já que me repeliste de tua presença, relegaste o meu amor e substituíste os meus cuidados, por estranhas companhias.

Passaram céleres as décadas...
Até que um dia regressastes da viagem reencarnatória!

Hoje, não mais me podes ver, pois dormes o sono da loucura em pântanos sombrios, onde permanecerás até que, enfim, despertes.

A vida, eterno convite a amar e progredir, convida-me, outra vez, a peregrinar na odisséia terrena e preparo-me para partir!

Noticiam-me os benévolos diretores na Vida Maior, que no projeto de minhas lutas ascensionais na esfera planetária, em futuro não distante, receberei em meus braços um filhinho... O tutelado de meu coração, desde o berço portará síndromes diversas, incapacidades várias para a vida comum e por toda a existência física, assim permanecerá...

Serás tu, meu filho, de volta ao meu amplexo! Abrigar-te-ei, ainda uma vez, em meus cuidados!

Retirado do tremedal sombrio tu me sucederás na incursão terrena... As condições infligidas pelas Leis Divinas, entretanto, serão bem diversas, visto que em lugar de ser médium com Jesus, incauto e infeliz, deliberaste renascer enfermo!


Maria de Jesus
Helaine C. Sabbadini

Amor de mãe

Passados os anos, mãezinha, recordo-te na simplicidade do lar e inda vejo o teu rosto de santa...

Inda sinto as tuas mãos em carícias ternas, aconchegando-me a alma de encantos e doces lembranças!

Caminhei e sinto presentemente, que de todas as messes auferidas na terra, a bênção dos teus cuidados, mamãe, foi o mais precioso abrigo, o estímulo maior e o mais seguro itinerário...

Todas as dores que colhi...
Todas as lágrimas que verti...
Todos os equívocos que sofri...

Foram, certamente, o retorno amargo das decepções ardentes, contudo, sempre obtive de teu coração desvelado, a consolação e o lenitivo, curando-me as chagas da alma equivocada.

Agora, ao regressar das vãs excursões pelas ilusões do mundo, alquebrado e desiludido, não mais tu estás, todavia, mãe querida, inda sinto os teus braços carinhosos a se estenderem para mim, como se nunca cessassem de me aguardar...

Ainda o teu calor me abriga e as tuas orações são luzes abençoadas a promanarem bênçãos do céu, onde tu estás, sobre a minha vida!

O tempo esgota-se no carrossel da vida e hoje reconheço, que a Infinita Misericórdia de Deus concedeu-me o teu amor por magnífica dádiva e onde tu estiveres, agora e sempre, guie os meus passos de menino, na infinda peregrinação pela Eternidade!

Espírito Amigo
Helaine C. Sabbadini



Sublime amor

Se em todas as partes da Terra, além dos oceanos e em recantos longínquos, buscarmos uma significação maior para o cândido amor e a bondade, para a ternura em sua expressão superior...

Se auscultarmos os corações – nos lares opulentos, na intimidade dos grandes burgos, ostentando magnificência e beleza, ao mesmo tempo, nas mansardas miseráveis e rústicas onde singulares padecimentos subjugam vidas, retificando caracteres...

Se inquirirmos aos que jazem sobre os grabatos dos sofrimentos acerbos e nos cárceres sombrios; nos leitos de enfermidades pungentes, nos descaminhos e desvarios do mundo...

Se questionarmos àqueles que se perderam nas sendas das quimeras passageiras o tangidos por compunções profundas...

Encontraremos em todos os lugares, e com cada alma, que vive e pulsa, nas superlativas dessemelhanças existenciais nos pisos terrenos, a sublime demonstração da afeição que Jesus soube verter às vidas peregrinas no planeta – o amor de mãe!


Irthes Therezinha
Helaine C. Sabbadini








sexta-feira, 6 de maio de 2011

À Espera do Amado

Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos...
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele não deixou.

Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.

Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?


Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

As Coisas Transitórias

Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.

É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.



Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Rumi

"My heart tells me it is distressed with Him,
but I can only laugh at such pretended injuries.

Be fair, You who are the Glory of the just.
You, Soul, free of "we" and "I,"
subtle spirit within each man and woman.

When a man and a woman become one,
that "one" is You.
And when that one is obliterated, there You are.

Where is this "we" and this "I"?
By the side of the Beloved.
You made this "we" and this "I"
in order that you might play
this game of courtship with Yourself,
that all "you's" and "I's" might become one soul
and finally drown in the Beloved.

All this is true. Come!
You who are the Creative Word: Be
You, so far beyond description.

Is it possible for the bodily eyes to see You?
Can thought comprehend Your laughter or grief?
Tell me now, can it possibly see You at all?
Such a heart has only borrowed things to live with.

The garden of love is green without limit
and yields many fruits other than sorrow or joy.
Love is beyond either condition:
without spring, without autumn, it is always fresh."


Rumi - Mathnawi I, 1779-1794 - The Rumi Collection - Kabir Helminski

Whispers of the Beloved

Awakened by your love,
I flicker like a candle's light
tryin to hold on in the dark.
Yet, you spare me no blows
and keep asking,
"Why do you complain?"

Rumi - "Whispers of the Beloved" - Maryam Mafi & Azima Melita Kolin

The Essential Rumi

"Inside this new love, die.
Your way begins on the other side.
Become the sky.
Take an axe to the prison wall.
Escape.
Walk out like someone suddenly born into color.
Do it now.
You're covered with a thick cloud.
Slide out the side. Die,
and be quiet. Quiteness is the surest sign
that you've died.
Your old life was a frantic running
from silence.

The speechless full moon
comes out now."



Rumi - The Essential Rumi - Coleman Barks

The Love Poems of Rumi

Oh! Supreme Lover!
Let me leave aside my worries.
The flowers are blooming
with the exultation of your Spirit.

By Allah!
I long to escape the prison of my ego
and lose myself
in the mountains and the desert.

These sad and lonely people tire me.
I long to revel in the drunken frenzy of your love
and feel the strength of Rustam in my hands.

I'm sick of mortal kings.
I long to see your light.
With lamps in hand
the sheikhs and mullahs roam
the dark alleys of these towns
not finding what they seek.

You are the Essence of the Essence,
The intoxication of Love.
I long to sing your praises
but stand mute
with the agony of wishing in my heart.


Rumi - 'The Love Poems of Rumi' 

"Say I Am You"

"Listen for the stream
that tells you one thing.
Die on this bank.
Begin in me
the way of rivers with the sea."

Rumi



Rumi - Coleman Barks - from "Say I Am You"

'Perfume of the Desert'

Whether your destiny is glory or disgrace,
Purify yourself of hatred and love of self.
Polish your mirror; and that sublime Beauty
From the regions of mystery
Will flame out in your heart
As it did for the saints and prophets.
Then, with your heart on fire with that Splendor,
The secret of the Beloved will no longer be hidden.




Jami, translation by Andrew Harvey and Eryk Hanut - 'Perfume of the Desert'

terça-feira, 5 de abril de 2011

“Baixinho a argila dizia
ao oleiro que a torneava:
Já fui como tu, não te esqueças,
não me maltrates.

Oleiro, vai com cuidado, trata bem a argila
com que Adão foi conformado.
Vejo no torno que moves a mão de Feridun,
o coração de Khosru... o que fizeste?

A tulipa rubra nasce no campo que foi regado
pelo sangue de um altivo rei.
A violeta brota do sinal de beleza que palpitava
na face de uma doce adolescente.

Há tanto tempo giram os astros no espaço;
há tanto tempo se revezam os dias e as noites.
Anda de leve na terra, talvez aonde vais pisar
ainda estejam os olhos meigos de um adolescente.

As raízes do narciso que se inclina suave,
bebem a vida nos lábios mortos de uma mulher.
Pisa leve a relva macia, ela nasce das cinzas
de rostos tão belos quanto as tulipas.

O oleiro ia modelando as alças e os contornos
de uma ânfora. O barro que ele conformava
era feito de crânios de sultões
e mãos de mendigos.”


Omar Khayyam

segunda-feira, 7 de março de 2011

Sê como o Sol para a Graça e a Piedade.
Sê como a noite para encobrir os defeitos alheios.
Sê como uma corrente de água para a generosidade.
Sê como a morte para o ódio e a ira.
Sê como a Terra para a modéstia.
Aparece tal como és.
Sê tal como pareces.

Se pudesses libertar-te, por uma vez, te ti mesmo,
o segredo dos segredos se abriria para ti.
O rosto do desconhecido, oculto além do universo,
apareceria no espelho da tua percepção.

Na realidade, tua alma e a minha são o mesmo.
Aparecemos e desaparecemos um com o outro.
Este é o verdadeiro significado das nossas relações.
Entre nós, já não há nem tu, nem eu.

O vale é diferente, acima das religiões e cultos.
Aqui, em silêncio, baixa a cabeça.
Funde-te na maravilha de Deus.
Aqui não há lugar para religiões nem cultos.

Há uma Alma dentro de tua Alma. Busca essa Alma.
Há uma jóia na montanha do corpo. Busca a mina desta jóia.
Oh, sufi, que passa!
Busca dentro, se podes, e não fora.

No amor, não há alto nem baixo,
má conduta nem boa,
nem dirigente, nem seguidor, nem devoto,
só há indiferença, tolerância e entrega.

Rumi

Tocaste a órbita do coração celeste,
agora fica aqui.
Pudeste ver a lua nova
agora fica.

Sofreste em excesso por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Teu tempo acabou.
Escutaste tudo o que se pode dizer
sobre a beleza desse amante,
fica aqui agora.

Juraste em teu coração
que havia leite nesses seios,
agora que provaste desse leite,
fica.


Rumi
Sou o escravo que libertou o amo
o discípulo que instruiu o mestre.
Sou a alma que ontem nasceu no mundo
e no mesmo instante criou este mundo vetusto.

Sou a cera orgulhosa que fez o ferro virar aço.
Passei ungüento nos olhos dos cegos
e ensinei homens de curto entendimento.

Sou a nuvem negra que trouxe alegria
da noite de dor ao dia de festa.

Sou a terra milagrosa
que pelo fogo do amo se elevou
e tocou a mente do céu.

Noite passada, o rei não dormiu,
contente de saber que eu, o escravo, dele me lembrei.

Não me culpes se sou escandaloso e lavrei justiça,
foste tu que me embriagaste.

Silêncio, que o espelho se desgasta;
quando soprei sobre ele,
protestou contra mim."


Rumi

A Casa de Hóspedes

O ser humano é uma casa de hóspedes.
Toda manhã uma nova chegada.

A alegria, a depressão, a falta de sentido, como visitantes inesperados.

Receba e entretenha a todos
Mesmo que seja uma multidão de dores
Que violentamente varrem sua casa e tira seus móveis.
Ainda assim trate seus hóspedes honradamente.
Eles podem estar te limpando
para um novo prazer.

O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
encontre-os à porta rindo.

Agradeça a quem vem,
porque cada um foi enviado
como um guardião do além.


Rumi

domingo, 6 de março de 2011

Jalahudin Rumi


Jalāl ad-Dīn Muḥammad Balkhī (Persian: جلالالدین محمد بلخى), also known as Jalāl ad-Dīn Muḥammad Rūmī (Persian: جلالالدین محمد رومی), and popularly known as Mowlānā (Persian: مولانا) but known to the English-speaking world simply as Rumi (30 September 1207 – 17 December 1273), was a 13th-century Persian (Tajik) Muslim poet, jurist, theologian, and Sufi mystic. Rūmī is a descriptive name meaning "the Roman" since he lived most of his life in an area called Rūm because it was once ruled by the Eastern Roman Empire.

Rumi o Poeta Místico

"Este ano se celebram 800 anos de nascimento de Jalal ud-Din Rumi (1207-1273), o maior dos místicos islâmicos e extraordinário poeta do amor. Nasceu no Afeganistão, passou pelo Irã e viveu e morreu em Konia na Turquia.

Era um erudito professor de teologia, zeloso nos exercícios espirituais. Tudo mudou quando se encontrou com a figura misteriosa e fascinante do monge errante Shams de Tabriz. Como se diz na tradição sufi, foi "um encontro entre dois oceanos". Esse mestre misterioso iniciou Rumi na experiência mística do amor. Seu reconhecimento foi tão grande que lhe dedicou todo um livro com 3.230 versos o Divan de Shams de Tabriz. Divan significa coleção de poemas. A efusão do amor em Rumi é tão avassaladora que abraça tudo, o universo, a natureza, as pessoas e principalmente Deus. No fundo trata-se do único movimento do amor que não conhece divisões, mas que enlaça todas as coisas numa unidade última e radical tão bem expressa no poema Eu sou Tu : "Tu, que conheces Jalal ud-Din (nome de Rumi). Tu, o Um em tudo, diz quem sou. Diz:eu sou Tu". Ou o outro: "De mim não resta senão um nome, tudo o resto é Ele".

Essa experiência de união amorosa foi tão inspiradora que fez Rumi produzir uma obra de 40.00 versos. Famosos são o Masnavi (poemas de cunho reflexivo-teológico), Rubai-yat (Canção de amor por Deus) e o já citado Divan de Tabriz. Próprio da experiência místico-amorosa é a embriaguês do amor que faz do místico um "louco de Deus" como eram São Francisco de Assis, Santa Tereza d’Ávila, Santa Xênia da Rússia e também Rumi. Num poema do Rubai’yat diz: "hoje eu não estou ébrio, sou os milhares de ébrios da terra. Eu estou louco e amo todos os loucos, hoje".

Como expressão desta loucura divina inventou a sama, a dança extática. Trata-se de dançar girando em torno de si e ao redor de um eixo que representa o sol. Cada dervixe girante, assim se chamam os dançantes, se sente como um planeta girando ao redor do sol que é Deus. Dificilmente na história da mística universal encontramos poemas de amor com tal imediatez, sensibilidade e paixão que aqueles escritos pelo islâmico Rumi. É como uma fuga de mil motivos que vão e vêm sem cessar. Num poema de Rubai-yat canta: "Tu, único sol, vem! Sem Ti as flores murcham, vem! Sem Ti o mundo não é senão pó e cinza. Este banquete e esta alegria, sem Ti, são totalmente vazios, vem!".

Um dos mais belos poemas, por sua densidade amorosa, me parece ser este, tirado do Rubai’yat: "O teu amor veio até meu coração e partiu feliz. Depois retornou, vestiu a veste do amor, mas mais uma vez foi embora. Timidamente lhe supliquei que ficasse comigo ao menos por alguns dias. Ele se sentou junto a mim e se esqueceu de partir".

A mística desafia a razão analítica. Ela a ultrapassa porque expressa a dimensão do espírito, aquele momento em que o ser humano se descobre a si mesmo como parte de um Todo, como projeto infinito e mistério abissal inexprimível. Bem notava o filósofo e matemático Ludwig Wittgenstein na proposição VI de seu Tractatus logicophilosophicus: "O inexprimível se mostra, é o místico". E termina na proposição VII com esta frase lapidar: "Sobre o que não podemos falar, devemos calar". É o que fazem os místicos. Guardam o nobre silêncio ou então cantam como fez Rumi, mas de um modo tal que a palavra nos conduz ao silêncio reverente."

Por Leonardo Boff

Do Jornal virtual MONTBLÄAT*



*Jornal virtual Montbläat – RJ, 26/1/2007 – Nº 222 - www.montblaat.com

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ah, Sunflower

"Ah, sunflower, weary of time,
Who countest the steps of the sun;
Seeking after that sweet golden clime
Where the traveller's journey is done;

Where the Youth pined away with desire,
And the pale virgin shrouded in snow,
Arise from their graves, and aspire
Where my Sunflower wishes to go!"

William Blake

The Garden of Love

I went to the Garden of Love,
And saw what I never had seen;
A Chapel was built in the midst,
Where I used to play on the green.


And the gates of this Chapel were shut,
And 'Thou shalt not' writ over the door;
So I turned to the Garden of Love
That so many sweet flowers bore.


And I saw it was filled with graves,
And tombstones where flowers should be;
And priests in black gowns were walking their rounds,
And binding with briars my joys and desires




William Blake

The Divine Image

To Mercy, Pity, Peace, and Love
All pray in their distress;
And to these virtues of delight
Return their thankfulness.

For Mercy, Pity, Peace, and Love
Is God, our father dear,
And Mercy, Pity, Peace, and Love
Is Man, his child and care.

For Mercy has a human heart,
Pity a human face,
And Love, the human form divine,
And Peace, the human dress.

Then every man, of every clime,
That prays in his distress,
Prays to the human form divine,
Love, Mercy, Pity, Peace.

And all must love the human form,
In heathen, turk, or jew;
Where Mercy, Love, & Pity dwell
There God is dwelling too.




 William Blake

Sea-Fever

I must down to the seas again, to the lonely sea and the sky,
And all I ask is a tall ship and a star to steer her by,
And the wheel’s kick and the wind’s song and the white sail’s shaking,
And a grey mist on the sea’s face and a grey dawn breaking.


I must down to the seas again, for the call of the running tide
Is a wild call and a clear call that may not be denied;
And all I ask is a windy day with the white clouds flying,
And the flung spray and the blown spume, and the sea-gulls crying.


I must down to the seas again to the vagrant gypsy life.
To the gull’s way and the whale’s way where the wind’s like a whetted knife;
And all I ask is a merry yarn from a laughing fellow-rover,
And quiet sleep and a sweet dream when the long trick’s over


 
John Masefield / 1878-1967

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O friend! hope for Him whilst you live

"O friend! hope for Him whilst you live,
know whilst you live, understand whilst you live:
for in life deliverance abides.

If your bonds be not broken whilst living,
what hope of deliverance in death ?

It is but an empty dream, that the soul shall have union with Him
because it has passed from the body:

If He is found now, He is found then,
If not, we do but go to dwell in the City of Death.

If you have union now, you shall have it hereafter.

Bathe in the truth, know the true Guru,
have faith in the true Name!

Kabir says : 'It is the spirit of the quest which helps;
I am the slave of this Spirit of the quest.' "

Kabir
" There's a moon in my body...
There's a moon in my body, but I can't see it!
A moon and a sun.
A drum never touched by hands, beating, and I can't hear it! "

Kabir

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

How very close

"How very close
is your soul with mine
i know for sure
everything you think
goes through my mind

i am with you
now and doomsday
not like a host
caring for you
at a feast alone

with you i am happy
all the times
the time i offer my life
or the time
you gift me your love

offering my life
is a profitable venture
each life i give
you pay in turn
a hundred lives again

in this house
there are a thousand
dead and still souls
making you stay
as this will be yours

a handful of earth
cries aloud
i used to be hair or

i used to be bones
and just the moment
when you are all confused
leaps forth a voice
hold me close
i'm love and
i'm always yours."

Rumi