sábado, 7 de maio de 2011

Pequeno Conto

Exultavas, enquanto te aprontavas para a longa jornada, que te reconduziria à nova experiência reencarnatória! Tecias planos de ventura, conjugavas recursos e definias metas...

Assessorei-te na arrumação da sagrada bagagem, que se constituía de sublimes esperanças e severos esforços!

Suplicastes ao Pai Misericordioso, na concessão dos dons psíquicos, o ensejo de resgatar erros clamorosos, dos quais já desejavas te liberar e, por intermédio da experiência nova, reedificarias os teus sonhos, enquanto quitarias compromissos gravíssimos ante as Leis Eternas.

A potencialidade medianímica tornar-se-ia instrumental positivo e bem precioso, em benefício do trabalho ao qual te propunhas, salvaguardando-te o êxito e a probabilidade de redenção... As refregas depuradoras facultar-te-iam reencontrar no futuro os amados de tua alma, dos quais, desde há muito, havias-te distanciado.

Acompanhei-te os preliminares ensaios de retorno...

Alberguei em meus devotados abraços a criancinha frágil, na qual, gradualmente, tornavas-te lançando teu coração ávido à existência física...

Conduzi-te ao ninho doméstico que te abrigou, amorosamente, oferecendo-te todos os recursos para a realização de teus anelos...

Verti lágrimas de júbilo, em noites inumeráveis, orando ao pé de teu pequenino leito, augurando para o teu futuro o sucesso necessário...

Persegui os teus passos de criança!
Acompanhei o teu desenvolvimento na juventude!

Chegamos junto à mocidade, quando se desabrocharam as aptidões que trazias latente, o precioso penhor do Altíssimo que te garantiria, na tarefa mediúnica com Jesus, a realização de tuas mais sagradas expectativas...

Temi, desassossegada, porquanto tardavas na busca pelos sagrados rumos do aprendizado. Nada obstante, aguardei-te!

Padeci, mais tarde, ao perceber-te desviando da rota adrede estabelecida, por ti mesmo, entregando o recurso divino aos ébrios e viciosos; aos apaixonados e criminosos, que te seguiam vis e ignotos.

Locupletavas-te com eles e, mais e mais, abandonavas-me...

Clamei por teu despertamento, inumeráveis vezes, entretanto não me emprestastes os ouvidos...

Volvi ao Criador reiteradas súplicas a teu favor e em resposta obtive a certeza de que tu chorarias, amargamente,o arrependimento quando desperto dos erros e enganos, ante a falência nos ideais superiores.

Parti e deixei-te entregue à própria sorte, já que me repeliste de tua presença, relegaste o meu amor e substituíste os meus cuidados, por estranhas companhias.

Passaram céleres as décadas...
Até que um dia regressastes da viagem reencarnatória!

Hoje, não mais me podes ver, pois dormes o sono da loucura em pântanos sombrios, onde permanecerás até que, enfim, despertes.

A vida, eterno convite a amar e progredir, convida-me, outra vez, a peregrinar na odisséia terrena e preparo-me para partir!

Noticiam-me os benévolos diretores na Vida Maior, que no projeto de minhas lutas ascensionais na esfera planetária, em futuro não distante, receberei em meus braços um filhinho... O tutelado de meu coração, desde o berço portará síndromes diversas, incapacidades várias para a vida comum e por toda a existência física, assim permanecerá...

Serás tu, meu filho, de volta ao meu amplexo! Abrigar-te-ei, ainda uma vez, em meus cuidados!

Retirado do tremedal sombrio tu me sucederás na incursão terrena... As condições infligidas pelas Leis Divinas, entretanto, serão bem diversas, visto que em lugar de ser médium com Jesus, incauto e infeliz, deliberaste renascer enfermo!


Maria de Jesus
Helaine C. Sabbadini

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