quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"O beautiful wine-bearer, bring forth the cup and put it to my lips
Path of love seemed easy at first, what came was many hardships.
With its perfume, the morning breeze unlocks those beautiful locks
The curl of those dark ringlets, many hearts to shreds strips.
In the house of my Beloved, how can I enjoy the feast
Since the church bells call the call that for pilgrimage equips.
With wine color your robe, one of the old Magi’s best tips
Trust in this traveler’s tips, who knows of many paths and trips.
The dark midnight, fearful waves, and the tempestuous whirlpool
How can he know of our state, while ports house his unladen ships.
I followed my own path of love, and now I am in bad repute
How can a secret remain veiled, if from every tongue it drips?
If His presence you seek, Hafiz, then why yourself eclipse?
Stick to the One you know, let go of imaginary trips."

 Hafiz 



Hafiz - Khwāja Šamsu d-Dīn Muḥammad Hāfez-e Šīrāzī

Khwāja Šamsu d-Dīn Muḥammad Hāfez-e Šīrāzī (persa - خواجه شمس‌الدین محمد حافظ شیرازی), também conhecido por Hāfez ou Hafiz, foi um poeta lírico e místico persa nascido entre 1310 e 1337 na cidade de Shiraz na Pérsia, Irã, filho de Baha-ud-Din.
Suas obras selecionadas podem ser encontradas nas casas da maioria dos iranianos, que aprendem seus poemas de cor e os usam como provérbios e ditados até hoje. Sua vida e seus poemas têm sido objeto de muita análise, comentário e interpretação e têm influenciado a literatura persa pós-século XIV mais do que qualquer outra coisa.

Os principais temas de seus gazals são o amor, a celebração do vinho e da embriaguez e a exposição da hipocrisia daqueles que se colocaram como guardiões, juízes e exemplos de retidão moral. Seus poemas líricos, são notáveis por sua beleza, por fruir do amor, pelo misticismo e por temas sufi que haviam permeado a poesia persa.
Sua presença na vida dos iranianos pode ser sentida através da leitura de Hafez (fāl-e hāfez, em persa: فال حافظ), uso frequente de seus poemas na música persa tradicional, artes visuais e caligrafia persa. Seu túmulo em Shiraz é uma obra da arquitetura iraniana e frequentemente visitada. Adaptações, imitações e traduções de poemas de Hafiz existem em todos os principais idiomas.

Uma destas noites, um sábio me falou: 
"É preciso conheceres o segredo daquele que nos vende o vinho."
E ainda: 
"Não leves nada a sério. O mundo carrega de enormes fardos aqueles que dobram a cerviz."

Depois, estendeu-me uma taça onde o esplendor do céu se refletia tão vivamente que Zuhra se pôs a dançar:

"Filho, segue o meu conselho; não te inquietes com as noites deste mundo. Guarda as minhas palavras: elas são mais raras do que as pérolas"

"Aceita a vida como aceitas essa taça, de sorriso nos lábios, ainda que o coração esteja a sangrar. Não gemas como um alaúde; esconde as tuas chagas"

"Até o dia em que passares por trás do véu, nada compreenderás. Não podem ouvidos humanos ouvir a palavra do anjo"

"Na casa do amor, não te envaideças das tuas perguntas, nem da resposta."

Vinho, ó Saki, mais vinho: as loucuras de Hafiz foram compreendidas pelo Senhor da alegria, Aquele que perdoa, Aquele que esquece...


Hafiz


A Morte nos é um favor,
mas nossas balanças perderam seu equilíbrio.
A impermanência do corpo deveria dar-nos grande clareza,
aprofundando através de nossos olhos e sentidos a maravilha
desta misteriosa existência que partilhamos e pela qual
certamente estamos apenas passando.

Se eu estivesse na Taberna essa noite Hafiz pediria bebidas
e enquanto o Mestre enchesse os copos,
eu seria lembrado no tudo o que sei da vida e de mim próprio
é que nos somos apenas um voo de vinho dourado entre seu jarro e seu copo.

Se eu estivesse na Taberna essa noite pagaria uma rodada
a todos neste mundo porque o nosso casamento com a
beleza cruel do tempo e do espaço não pode durar muito.

A Morte nos é um favor, mas nossas mentes perderam seu equilíbrio.
A existência milagrosa e a impermanência da forma
sempre fazem dançar e cantar aos Iluminados.


Hafiz



Um bilhão de vezes Deus tornou o homem Nele mesmo.

Você fica na fila para o presente mais elevado
Pois a generosidade Dele não pode acabar.
Mas é melhor trazer um instrumento com você
Enquanto espera no deserto frio,
E fazer alguns sons suaves
Para acompanhar o balanço dos braços das palmeiras
que de nosso fogo, estão lançando silhuetas contra a cortina do céu.
Lembre o Amigo do seu desejo, e grande paciência.
Um bilhão de vezes Deus tornou o homem de volta em Si mesmo.
Nós todos permanecemos em fila
Para o mais elevado presente.

Hafiz

Um dia, o sol admitiu:
Sou apenas uma sombra,
quisera poder mostrar-te a infinita incandescência
que lançou minha imagem brilhante.
Quisera poder mostrar-te,quando você se sentir só ou na escuridão,
a surpreendente luz do seu próprio ser.

Hafiz





No More Leaving


 At 
Some point
Your relationship
With God
Will
Become like this:

Next time you meet Him in the forest
Or on a crowded city street
There won't be anymore

"Leaving."

That is,
God will climb into
Your pocket.

You will simply just take
Yourself
Along!


Hafiz



From: 'The Gift' 
Translated by Daniel Ladinsky 






Like The Morning Breeze

Like the morning breeze, if you bring to the morning good deeds,
The rose of our desire will open and bloom.

Go forward, and make advances down this road of love;
In forward motion, the pain is great.

To beg at the door of the Winehouse is a wonderful alchemy.
If you practice this, soon you will be converting dust into gold.

O heart, if only once you experience the light of purity,
Like a laughing candle, you can abandon the life you live in your head.

But if you are still yearning for cheap wine and a beautiful face,
Don't go out looking for an enlightened job.


Hafiz, if you are listening to this good advice,
The road of Love and its enrichment are right around the curve.

Hafiz




From: Drunk on the Wind of the Beloved

Translated by Thomas Rain Crowe

Laughing At the Word Two


Only 
That Illumined 
One 

Who keeps 
Seducing the formless into form
Had the charm to win my 
Heart. 

Only a Perfect One 
Who is always 
Laughing at the word 
Two 

Can make you know 
Of 
Love. 


Hafiz

From: 'The Gift'
Translated by Daniel Ladinsky 



All the Hemispheres

Leave the familiar for a while.
Let your senses and bodies stretch out

Like a welcomed season
Onto the meadows and shores and hills.

Open up to the Roof.
Make a new water-mark on your excitement
And love.

Like a blooming night flower,
Bestow your vital fragrance of happiness
And giving
Upon our intimate assembly.

Change rooms in your mind for a day.

All the hemispheres in existence
Lie beside an equator
In your heart.

Greet Yourself
In your thousand other forms
As you mount the hidden tide and travel
Back home.

All the hemispheres in heaven
Are sitting around a fire
Chatting

While stitching themselves together
Into the Great Circle inside of
You.

Hafiz



From: 'The Subject Tonight is Love' 
Translated by Daniel Ladinsky

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

The moon shines...

The moon shines in my body, but my blind eyes cannot see it:
The moon is within me, and so is the sun.
The unstruck drum of Eternity is sounded within me; but my deaf ears cannot hear it.

So long as man clamours for the I and the Mine, his works are as naught:
When all love of the I and the Mine is dead, then the work of the Lord is done.
For work has no other aim than the getting of knowledge:
When that comes, then work is put away.

The flower blooms for the fruit: when the fruit comes, the flower withers.
The musk is in the deer, but it seeks it not within itself: it wanders in quest of grass. 


Kabir 
Translated By Rabindranath Tagore. 



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"A inconstância reina soberana.
São raras hoje, as provas de amizade fiel.
Os homens sérios vêem-se reduzidos a estender aos indignos a mão leal.
Na imensa dor do mundo,
o homem de bem não conhece um instante de repouso ao seu sofrimento.
Que o poeta faça um canto claro como o vinho,
um canto que derrame no coração uma onda de alegria.
O avarento e o guloso não lhe atirarão sequer uma espiga sem grãos,
a ele que pode cantar as melodias dos anjos.
A Sabedoria, ontem, disse-me baixinho:
- "Vai! Embora fraco, tem paciência.
"Sim, seja a paciência a tua única arma. Doente, ou triste - têm paciência!"
Ó Hafiz, guarda na alma este conselho, e,
se de fatigado cambaleias,
endireita-te,
ergue a fronte,
e caminha!"


Hafiz

Oh homem! Há alguma coisa que, fruindo a amizade de Deus, não podeis compreender?
Tua alma não tende a Ele como as montanhas erguem-se para o sol e as águas do mar alçam-se na direção da lua?
Em verdade, tu caminhas adiante sob a luz da Sua energia, sob o inextinguível brilho de Sua infinita majestade, à semelhança de uma estrela que, acesa pelos raios de um sol ainda maior, caminha nas avenidas da noite iluminadas de um milhão de lâmpadas.
Como um navio movido pelas espertas ondas da manhã, tu és impelido pelo sopro do Seu espírito.
Em verdade, pertences a Deus como a criança pertence a seu pai.
O que tens pois a temer, ó filho de tal Pai?

Sirdar Ikbal Ali Shah


Abre teus olhos de amor, e contempla
Aquele que permeia todo este mundo!
Observa-o bem, e reconhece teu próprio país.
Quando encontrares o verdadeiro Guru,
Ele despertará teu coração;
Ele te revelará o segredo do amor
e do desprendimento, e então,
sem dúvida nenhuma saberás
que Ele transcende este universo.
Esse mundo é a Cidade da Verdade, o labirinto
de seus caminhos fascina o coração:
Podemos alcançar nosso destino sem jamais
percorrer a estrada, tal é o jogo sem fim.
Onde o círculo de múltiplas alegrias
gira à sua volta continuamente,
aí a Felicidade Eterna engendra lances.
Quando conhecermos isto, estará terminado
todo nosso esperar e recusar.
Então deixará de nos queimar o fogo da cupidez.
Ele é o repouso Último e Infinito:
Ele espalhou as formas de seu amor
pelo mundo inteiro.
Dessa Luz que é Verdade, torrentes
de novas formas emergem perpetuamente;
e Ele permeia essas formas.
Todos os bosques e jardins e alvoredos sobejam
flores, e o ar estala em cascatas de alegria.
Que maravilhosa trama o cisne avança aí!
Os sons da música não tocada turbilhonam
à volta da Infinita Verdade.
Brilha no centro o trono do ilimitado,
onde repousa o grandioso Ser.
Milhares de sóis empalidecem, envergonhados
ante o fulgor de um só pelo de Seu corpo.
Que doces melodias deixa escapar
a harpa do caminho!,
suas notas transpassam o coração:
Aí a fonte eterna combina sem cessar
os eflúvios vitais do nascimento e da morte.
Como podem chamar Nada àquele que é a Verdade
das verdades?, Àquele no qual
encontra-se todas as verdades!

Em seu interior, evolui a criação,
e isso está além de qualquer filosofia,
pois filosofia nenhuma pode alcançá-Lo:
Existe um mundo infinito, ó irmão!
e encontra-se aí o Ser Sem Nome,
do qual nada se pode dizer.
Esse mundo é conhecido apenas daquele
que de fato o alcançou:
é diverso de tudo o que já se disse e ouviu.
Lá não se conhece nem forma, nem corpo,
nem extensão: como posso explicar-te o que é?
Trilha o Caminho do Infinito aquele sobre o qual
recaem as graças do Senhor: liberta-se
da vida e da morte aquele que O alcança.
Kabir diz: "Não se traduz em palavras saídas
dos lábios, não se pode escrever em papel:
É como se um mudo provasse uma iguaria:
como poderia explicá-la?

Kabir

sábado, 7 de maio de 2011

Longing is the core of mystery.
Longing itself brings the cure.
The only rule is, Suffer the pain.

Your desire must be disciplined,
and what you want to happen
in time, sacrificed.

Rumi - The Essential Rumi

Before the Birth of One of Her Children

All things within this fading world hath end,
Adversity doth still our joys attend;
No ties so strong, no friends so dear and sweet,
But with death’s parting blow are sure to meet.
The sentence past is most irrevocable,
A common thing, yet oh, inevitable.
How soon, my Dear, death may my steps attend,
How soon’t may be thy lot to lose thy friend,
We both are ignorant, yet love bids me
These farewell lines to recommend to thee,
That when the knot’s untied that made us one,
I may seem thine, who in effect am none.
And if I see not half my days that’s due,
What nature would, God grant to yours and you;
The many faults that well you know I have
Let be interred in my oblivious grave;
If any worth or virtue were in me,
Let that live freshly in thy memory
And when thou feel’st no grief, as I no harmes,
Yet love thy dead, who long lay in thine arms,
And when thy loss shall be repaid with gains
Look to my little babes, my dear remains.
And if thou love thyself, or loved’st me,
These O protect from stepdame’s injury.
And if chance to thine eyes shall bring this verse,
With some sad sighs honor my absent hearse;
And kiss this paper for thy dear love’s sake,
Who with salt tears this last farewell did take.


Anne Bradstreet (1678)

The Little Boy Found

The little boy lost in the lonely fen,
Led by the wand’ring light,
Began to cry, but God ever nigh,
Appeard like his father in white.

He kissed the child & by the hand led
And to his mother brought,
Who in sorrow pale, thro’ the lonely dale
Her little boy weeping sought.

William Blake (from Songs of Innocence, 1791)

The Land of Dreams

Awake, awake, my little boy!
Thou wast thy mother's only joy;
Why dost thou weep in thy gentle sleep?
Awake! thy father does thee keep.

"O, what land is the Land of Dreams?
What are its mountains, and what are its streams?
O father! I saw my mother there,
Among the lilies by waters fair.

"Among the lambs, cloth'd in white,
She walk'd with her Thomas in sweet delight.
I wept for joy, like a dove I mourn;
O! when shall I again return?"

Dear child, I also by pleasant streams
Have wander'd all night in the Land of Dreams;
But tho' calm and warm the waters wide,
I could not get to the other side.

"Father, O father! what do we here
In this land of unbelief and fear?
The Land of Dreams is better far
Above the light of the morning star."


William Blake