sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Os relógios quebrados marcando horas que jamais morrem



Avançamos reencarnações afora, expectadores de nós mesmos, reféns dos próprios sentimentos, dores, amores, remorsos, loucuras....

Aperta-se o crânio; apenas inextricáveis lembranças
Lançando-me atrás e além, das fronteiras dos séculos;
Risos, perfumes, abraços, ora velhos, ora crianças,

Conviventes num tempo sem portas; apenas pêndulos
De relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Reavivam-se sentimentos que ontem foram esperanças,
Morro mil vezes na cadência das horas, vidas em pulos
Quânticos, distantes e tão pertos, denudando outras crenças!
Poder, ouro, devoção convivem com sentimentos chulos...
E os relógios quebrados, marcam horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Ardem-me o sol da Assíria e o magma do Vesúvio. Tranças,
Ornamentos, tiaras patrícias, subitamente são quebrados elos;
A jogarem-me do santuário de Ísis à fome, à nudez e à disgra em jaças...
A insurgir de relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Na colossal andança cósmica que me arrebenta o crânio, traças
Corroem-me as suntuosas vestes no túmulo solitário; inda ei-los
A guardarem-me o último berço em vitrine fria sob suas faces chanças
E olhos curiosos, enquanto minhas lagrimas respingam pós...
São os relógios quebrados a marcarem horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Sangue, fogo, de tudo hei provado, mas jamais de tuas louçãs
Mãos um abraço; nunca mais de teus lábios os antigos ósculos.
Jazo morta em vida, pois vida só soube contigo! Tuas carícias nunca vãs,
Eternas arrojam minh'alma em duro exílio a buscar-te pelos séculos!
Assim vivo; fitando...
Os relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

HSabbadini 
Pirapanema, MG,21 de novembro, 2013

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