terça-feira, 26 de novembro de 2013

A missão do amor eternamente


De espírito livre inda e somente,
Teu perfil meu coração distingue;
O teu inteiro ser unicamente:
O olhar, sorriso que não se extingue!

Doce o pranto que tuas mãos secou
No álveo que o corpo se estendeu,
Em versos que o amor eternizou!
Teu modo de falar, teu tom cravou

Com a cruz em meu fúnebre leito
A missão do amor eternamente
Lavrado em lágrimas no meu peito.

Meu espírito jungido ao teu, sempre,
Partiu em júbilo divinal, dentre
Hosana ao Mestre em eterno preito!

Espírito anônimo
Hsabbadini

Pirapanema, Nov. 26 2013




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Poesia é quando sentimentos profundos
Constantemente muito sérios e obtusos
se divertem loucamente com as palavras...
Desatarraxando da alma os parafusos!"

HSabbadini

Relógios quebrados marcando horas que se movem...

Aperta-se o crânio; apenas inextricáveis lembranças
Lançando-me atrás e além, das fronteiras dos séculos;
Risos, perfumes, abraços, ora velhos, ora crianças,
Conviventes num tempo sem portas; apenas pêndulos
De relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Reavivam-se sentimentos que ontem foram esperanças,
Morro mil vezes na cadência das horas, vidas em pulos
Quânticos, distantes e tão pertos, denudando outras crenças!
Poder, ouro, devoção convivem com sentimentos chulos...
E os relógios quebrados, marcam horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Ardem-me o sol da Assíria e o magma do Vesúvio. Tranças,
Ornamentos, tiaras patrícias, subitamente são quebrados elos;
A jogarem-me do santuário de Ísis à fome, à nudez e à disgra em jaças...
A insurgir de relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Na colossal andança cósmica que me arrebenta o crânio, traças
Corroem-me as suntuosas vestes no túmulo solitário; ainda ei-los
A guardarem-me o último berço em vitrine fria sob suas faces chanças
E olhos curiosos, enquanto minhas lagrimas respingam pós...
São os relógios quebrados a marcarem horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

Sangue, fogo, de tudo hei provado, mas jamais de tuas louçãs
Mãos um abraço; nunca mais de teus lábios os antigos ósculos.
Jazo morta em vida, pois vida só soube contigo! Tuas carícias nunca vãs,
Eternas arrojam minh'alma em duro exílio a buscar-te pelos séculos!

Assim vivo; fitando...
Os relógios quebrados, marcando horas que se movem,
Estranhamente, registrando eventos que jamais morrem.

HSabbadini
Pirapanema, 21 de novembro, 2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."

Khalil Gibran

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Mulher Inspiradora



Mulher, não és só obra de Deus; 
os homens vão-te criando eternamente 

com a formosura dos seus corações, 
e os seus anseios 
vestiram de glória a tua juventude. 

Por ti o poeta vai tecendo 
a sua imaginária tela de oiro: 
o pintor dá às tuas formas, 
dia após dia, 
nova imortalidade. 

Para te adornar, para te vestir, 
para tornar-te mais preciosa, 
o mar traz as suas pérolas, 
a terra o seu oiro, 
sua flor os jardins do Verão. 

Mulher, és meio mulher, 
meio sonho. 

Rabindranath Tagore,
 in "O Coração da Primavera" 

My Friend

Art thou abroad on this stormy night 
on thy journey of love, my friend? 
The sky groans like one in despair. 

I have no sleep tonight. 
Ever and again I open my door and look out on 
the darkness, my friend! 

I can see nothing before me. 
I wonder where lies thy path! 

By what dim shore of the ink-black river, 
by what far edge of the frowning forest, 
through what mazy depth of gloom art thou threading 
thy course to come to me, my friend? 

This we have now

This we have now
is not imagination.
This is not
grief or joy.
Not a judging state,
or an elation,
or sadness.
Those come
and go.
This is the presence
that doesn’t.
It's dawn, Husam,
here in the splendor of coral,
inside the Friend, the simple truth
of what Hallaj said.
What else could human beings want?
When grapes turn to wine,
they’re wanting
this.
When the nightsky pours by,
it’s really a crowd of beggars,
and they all want some of this!
This
that we are now
created the body, cell by cell,
like bees building a honeycomb.
The human body and the universe
grew from this, not this
from the universe and the human body.

Rumi





Say I am You


I am dust particles in sunlight.
I am the round sun.
To the bits of dust I say, Stay.
To the sun, Keep moving.
I am morning mist,
and the breathing of evening.
I am wind in the top of a grove,
and surf on the cliff.
Mast, rudder, helmsman, and keel,
I am also the coral reef they founder on.
I am a tree with a trained parrot in its branches.
Silence, thought, and voice.
The musical air coming through a flute,
a spark of a stone, a flickering
in metal. Both candle,
and the moth crazy around it.
Rose, and the nightingale
lost in the fragrance.
I am all orders of being, the circling galaxy,
the evolutionary intelligence, the lift,
and the falling away. What is,
and what isn’t. You who know
Jelaluddin, You the one
in all, say who
I am. Say I
am You.

Rumi




ONLY BREATH

Not Christian or Jew or Muslim, not Hindu,
Buddhist, sufi, or zen. Not any religion
or cultural system. I am not from the East
or the West, not out of the ocean or up
from the ground, not natural or ethereal, not
composed of elements at all. I do not exist,
am not an entity in this world or the next,
did not descend from Adam or Eve or any
origin story. My place is placeless, a trace
of the traceless. Neither body or soul.
I belong to the beloved, have seen the two
worlds as one and that one call to and know,
first, last, outer, inner, only that
breath breathing human being.

Rumi 



Abode of the Beloved

Oh Companion That Abode Is Unmatched, 
Where My Complete Beloved Is. 

In that Place There Is No Happiness or Unhappiness,
No Truth or Untruth
Neither Sin Nor Virtue.
There Is No Day or Night, No Moon or Sun,
There Is Radiance Without Light.

There Is No Knowledge or Meditation
No Repetition of Mantra or Austerities,
Neither Speech Coming From Vedas or Books.
Doing, Not-Doing, Holding, Leaving
All These Are All Lost Too In This Place.

No Home, No Homeless, Neither Outside or Inside,
Micro and Macrocosm Are Non-Existent.
Five Elemental Constituents and the Trinity Are Both Not There
Witnessing Un-struck Shabad Sound is Also Not There.

No Root or Flower, Neither Branch or Seed,
Without a Tree Fruits are Adorning,
Primordial Om Sound, Breath-Synchronized Soham,
This and That - All Are Absent, The Breath Too Unknown

Where the Beloved Is There is Utterly Nothing
Says Kabir I Have Come To Realize.
Whoever Sees My Indicative Sign
Will Accomplish the Goal of Liberation. 

Kabir


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Noite, silêncio, folhas imóveis;
imóvel o meu pensamento.
Onde estás, tu que me ofereceste a taça?

Hoje caiu a primeira pétala.
Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer.

Acorda... e olha como o sol em seu regresso
vai apagando as estrelas do campo da noite;
do mesmo modo ele vai desvanecer
as grandes luzes da soberba torre do Sultão. 

Omar Khayyam




"The secrets eternal neither you know nor I

And answers to the riddle neither you know nor I
Behind the veil there is much talk about us, why
When the veil falls, neither you remain nor I."

Omar Khayyam


"The caravan of life shall always pass

Beware that is fresh as sweet young grass
Let’s not worry about what tomorrow will amass
Fill my cup again, this night will pass, alas."

Omar Khayyam

"O beautiful wine-bearer, bring forth the cup and put it to my lips
Path of love seemed easy at first, what came was many hardships.
With its perfume, the morning breeze unlocks those beautiful locks
The curl of those dark ringlets, many hearts to shreds strips.
In the house of my Beloved, how can I enjoy the feast
Since the church bells call the call that for pilgrimage equips.
With wine color your robe, one of the old Magi’s best tips
Trust in this traveler’s tips, who knows of many paths and trips.
The dark midnight, fearful waves, and the tempestuous whirlpool
How can he know of our state, while ports house his unladen ships.
I followed my own path of love, and now I am in bad repute
How can a secret remain veiled, if from every tongue it drips?
If His presence you seek, Hafiz, then why yourself eclipse?
Stick to the One you know, let go of imaginary trips."

 Hafiz 



Hafiz - Khwāja Šamsu d-Dīn Muḥammad Hāfez-e Šīrāzī

Khwāja Šamsu d-Dīn Muḥammad Hāfez-e Šīrāzī (persa - خواجه شمس‌الدین محمد حافظ شیرازی), também conhecido por Hāfez ou Hafiz, foi um poeta lírico e místico persa nascido entre 1310 e 1337 na cidade de Shiraz na Pérsia, Irã, filho de Baha-ud-Din.
Suas obras selecionadas podem ser encontradas nas casas da maioria dos iranianos, que aprendem seus poemas de cor e os usam como provérbios e ditados até hoje. Sua vida e seus poemas têm sido objeto de muita análise, comentário e interpretação e têm influenciado a literatura persa pós-século XIV mais do que qualquer outra coisa.

Os principais temas de seus gazals são o amor, a celebração do vinho e da embriaguez e a exposição da hipocrisia daqueles que se colocaram como guardiões, juízes e exemplos de retidão moral. Seus poemas líricos, são notáveis por sua beleza, por fruir do amor, pelo misticismo e por temas sufi que haviam permeado a poesia persa.
Sua presença na vida dos iranianos pode ser sentida através da leitura de Hafez (fāl-e hāfez, em persa: فال حافظ), uso frequente de seus poemas na música persa tradicional, artes visuais e caligrafia persa. Seu túmulo em Shiraz é uma obra da arquitetura iraniana e frequentemente visitada. Adaptações, imitações e traduções de poemas de Hafiz existem em todos os principais idiomas.

Uma destas noites, um sábio me falou: 
"É preciso conheceres o segredo daquele que nos vende o vinho."
E ainda: 
"Não leves nada a sério. O mundo carrega de enormes fardos aqueles que dobram a cerviz."

Depois, estendeu-me uma taça onde o esplendor do céu se refletia tão vivamente que Zuhra se pôs a dançar:

"Filho, segue o meu conselho; não te inquietes com as noites deste mundo. Guarda as minhas palavras: elas são mais raras do que as pérolas"

"Aceita a vida como aceitas essa taça, de sorriso nos lábios, ainda que o coração esteja a sangrar. Não gemas como um alaúde; esconde as tuas chagas"

"Até o dia em que passares por trás do véu, nada compreenderás. Não podem ouvidos humanos ouvir a palavra do anjo"

"Na casa do amor, não te envaideças das tuas perguntas, nem da resposta."

Vinho, ó Saki, mais vinho: as loucuras de Hafiz foram compreendidas pelo Senhor da alegria, Aquele que perdoa, Aquele que esquece...


Hafiz


A Morte nos é um favor,
mas nossas balanças perderam seu equilíbrio.
A impermanência do corpo deveria dar-nos grande clareza,
aprofundando através de nossos olhos e sentidos a maravilha
desta misteriosa existência que partilhamos e pela qual
certamente estamos apenas passando.

Se eu estivesse na Taberna essa noite Hafiz pediria bebidas
e enquanto o Mestre enchesse os copos,
eu seria lembrado no tudo o que sei da vida e de mim próprio
é que nos somos apenas um voo de vinho dourado entre seu jarro e seu copo.

Se eu estivesse na Taberna essa noite pagaria uma rodada
a todos neste mundo porque o nosso casamento com a
beleza cruel do tempo e do espaço não pode durar muito.

A Morte nos é um favor, mas nossas mentes perderam seu equilíbrio.
A existência milagrosa e a impermanência da forma
sempre fazem dançar e cantar aos Iluminados.


Hafiz



Um bilhão de vezes Deus tornou o homem Nele mesmo.

Você fica na fila para o presente mais elevado
Pois a generosidade Dele não pode acabar.
Mas é melhor trazer um instrumento com você
Enquanto espera no deserto frio,
E fazer alguns sons suaves
Para acompanhar o balanço dos braços das palmeiras
que de nosso fogo, estão lançando silhuetas contra a cortina do céu.
Lembre o Amigo do seu desejo, e grande paciência.
Um bilhão de vezes Deus tornou o homem de volta em Si mesmo.
Nós todos permanecemos em fila
Para o mais elevado presente.

Hafiz